segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O Mediador de Leitura

Sueli Bortolin
O mediador de leitura é aquele indivíduo que aproxima o leitor do texto. Em outras palavras, o mediador é o facilitador desta relação. E como intermediário de leitura, o mediador encontra-se em uma situação privilegiada, pois tem nas mãos a possibilidade de levar o leitor a infinitas descobertas.

Mas, quem pode mediar leitura? Os familiares, os professores, os bibliotecários, os escritores, os editores, os críticos literários, os jornalistas, os livreiros, os tradutores, os webdesigners, e até os amigos que nos emprestam um livro ou indicam um CD-ROM e uma página literária na Internet. Porém, os mediadores que mais se destacam são os familiares, os professores e os bibliotecários; e estes precisam estar conscientes da responsabilidade que tem.

Os familiares deveriam ser os primeiros mediadores de leitura, pois são os primeiros elos da criança com o mundo; entretanto os pais e demais membros da família, em geral, não têm a dimensão da influência que podem exercer sobre as crianças, no sentido de motivá-las à leitura. Assim, aos pais, em especial, cabe a tarefa de aproximar a criança do texto, pois o gosto pela leitura “[...] deve ser adquirido no período em que se está ainda no processo de aquisição da linguagem oral [...]”(POSTMAN, 1999, p.90). Ou seja, no período em que as crianças estão mais flexíveis, inquietas, curiosas e desejosas de aprender o novo; portanto, desprendidas de conceitos e preconceitos, interessando-se em explorar tudo que está ao seu redor. Este é um período em que se deve aproveitar para estreitar a convivência com o texto literário; porém, infelizmente, nem sempre as condições econômicas do brasileiro permitem a ele a inclusão do livro, de um CD-ROM ou da Internet no orçamento familiar, resultando que a maioria passa toda uma vida, sem nunca ter comprado sequer um jornal.

Desta forma, se a família não tem condições (econômicas e culturais) de cumprir a tarefa de mediadora da leitura, as escolas, de maneira precária ou de forma enriquecida, tentam fazer esta mediação.

Assim, o professor é encarregado compulsoriamente de aproximar o educando da leitura; porém, é fundamental que ele faça esta mediação, mostrando o texto como algo prazeroso e não como instrumento de avaliação e tarefa. Além disto, se o professor não for [...] “crítico, sensível, consciente e um bom leitor, jamais poderá passar o prazer do texto, literário ou não literário” (JOSÉ, 1992, p.203). É preciso ler com gosto, porém, o que acontece cotidianamente é que, muitas vezes, o professor não tem tempo para refletir que o seu papel “[...] na intermediação do objeto lido com o leitor é cada vez mais repensado: se, da postura professoral lendo ‘para’ e/ou ‘pelo’ educando, ele passar a ler ‘com’, certamente ocorrerá o intercâmbio das leituras, favorecendo a ambos, trazendo novos elementos para um e outro” (MARTINS, 1983, p.33).

E assim o leitor, além de se cumpliciar com o autor e os personagens, tem no professor também um cúmplice; isto é, se o professor estiver disposto a compartilhar com ele a leitura/as leituras.

Da mesma forma, esperamos que isto também ocorra com o bibliotecário mediar leitura, na biblioteca, significa fazer fluir material de leitura até o leitor, eficiente e eficazmente, formando e preservando leitores. Significa uma postura ativa, de acordo com uma biblioteca moderna e aberta.

Tamanha responsabilidade deve ser interpretada pelos mediadores como um desafio constante, pois o papel que eles desempenham na motivação de leitura pode interferir com maior ou menor profundidade na formação dos leitores de uma coletividade. Portanto, os mediadores interessados em uma mediação eficiente, devem ser empáticos; para que posicionados no lugar do outro (leitor), possam percebê-lo com maior nitidez.


Sobre Sueli Bortolin: Mestre e Doutoranda em Ciência da Informação pela UNESP/ Marília. Professora do Departamento de Ciências da Informação do CECA/UEL

Um comentário:

  1. Para sermos mediadores de leitura é preciso que antes de mais nada sejamos leitores e não só sermos mas demosntrar para os leitores que o somos e tentar transmitir para os possíveis leitores como é bom, divertido e prazeroso conhecer o mundo da leitura pois só a partir disso conseguiremos atingir nosso público alvo, afinal como eu posso instigar os outros a ler se eu mesmo não o faço é preciso que haja uma coerência neste ponto, visto que se não torna-se uma situação incompleta e sem sentido.

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