domingo, 9 de janeiro de 2011

A CARTOMANTE- CONTO REESCRITO - Texto 1-



 No decorrer de nossa existência, sempre nos deparamos com algo misterioso que foge ao nosso entendimento. Mas não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.
Fausto era um típico jovem brasileiro, adorava aventuras, diversão e conquistas amorosas. Havia saído do Brasil por uns tempos e retornou cheio de projetos para sua vida futura, porém, ainda faltava-lhe experiência, e  embora achasse que sabia de tudo era bastante ingênuo.
Sua volta foi motivo de reencontro com seu amigo de infância Otávio, com quem tinha uma amizade verdadeira. Para sua surpresa, Otávio encontrava-se casado com uma linda  mulher, Rosa. Rosa logo despertou o interesse de Fausto. Ela por sua vez percebeu e passou a incentivá-lo em suas investidas. Com isso, passaram a fazer parte de um triângulo amoroso.
Certo dia, Rosa confessou a Fausto que havia procurado uma cartomante para saber do desfecho de sua história. A referida mulher viu nas cartas que Rosa gostava muito de uma pessoa. Ela respondeu afirmativamente  e a cartomante disse que ela tinha receio de seer abandonada por ele, porém, as cartas não mostravam nada que indicasse que isso fosse acontecer.
Fausto, incrédulo, riu com satisfação por achar divertido ela ir consultar uma cartomante.
- Vocês homens não acreditam em nada mesmo!
- E saiba que a cartomante adivinhou todas as minhas angústias e inquietações, antes mesmo de  eu fazer qualquer relato.
Fausto abraçou-a e disse que a cartomante acertou em dizer-lhe que não seria abandonada, pois,  jamais farei isso.
- Mas me diga... Disse Fausto.
- Onde fica esta tal cartomante?
- Rosa imediatamente respondeu:
- Fica num local afastado, perto do grande ginásio abandonado. E acredite, foi preciso coragem para encarar tudo isso sozinha, pois, a cartomante Eulália é uma figura bastante estranha, de poucas palavras, observadora, porém, muito famosa pelas suas magias e consultas.
- Fausto se mostrou intrigado... e perguntou:
_ Tu realmente acreditas nisso?
Rosa então respondeu:
_Acredito, pois, tudo o que se deseja saber vai surgindo das cartas, é algo misterioso e ao mesmo tempo assustador. Cheguei a sentir arrepios a cada exposição da cartomante.
Fausto, porém, manteve-se incrédulo...
Rosa estava envolvida demais com Fausto e acreditava em seu amor o que a fazia correr um grande risco com este romance clandestino. Mas mesmo assim, temia ser abandonada por ele de uma hora para outra.
O fato de Fausto ser amigo de Otávio tornou-se conveniente para que este relacionamento amoroso seguisse sem suspeitas. Fausto frequentava  a casa  do amigo e assim podia estar sempre próximo de sua amada.
Mas, por ironia do destino, certo dia um fato veio para abalar a tranquilidade de fausto. Ele foi surpreendido por uma carta anônima que em seu conteúdo, explicava com detalhes o que  se passava com ele. Fausto sentiu-se muito mal com aquilo. Fora chamado de  traidor, desonesto e desumano, além de dizer que nenhuma aventura dura para sempre, e que certamente deixaria marcas profundas no coração dos que agora dizia amar. Fausto ficou intrigado e ao mesmo tempo sentiu medo. Logo suspeitou de seu amigo  Otávio, o marido traído.
Nos dias que se seguiram, passou a observar Otávio e mudou seu jeito com todos. Porém, as cartas continuavam a chegar, o que  o deixava  cada vez mais perturbado.
Rosa, também bastante apreensiva, questionava quem  seria o responsável por tal ato.
No dia seguinte, Fausto recebeu outra carta chamando-o para um encontro, pois, o desconhecido precisava falar-lhe. Fausto foi ao encontro do sujeito e isso faria com que o mistério das cartas fosse desvendado. Sentia-se nervoso, passos trêmulos, lia e relia a carta. Isso fazia com que cada vez mais quisesse descobrir o autor das cartas anônimas.
Quando percebeu, estava em frente à casa da cartomante Eulália e então resolveu fazer uma consulta. Estava ansioso para saber o que o destino lhe reservava para este encontro.
Porém, as cartas só mostraram coisas boas para ele e para Rosa. Isso fez com que ficasse mais confiante e que diminuísse sua aflição. Fausto ficou motivado com as previsões da cartomante, fazendo o medo desaparecer. Pensou que tudo estava resolvido e até riu de suas aflições. Começou a relembrar as palavras da cartomante, do amor dos dois, e sentiu alívio e felicidade.
Quando Fausto chegou ao local estipulado, deparou-se com uma casa abandonada, quase em ruínas, tomada pelo mato. Só de olhar, sentiu um calafrio da cabeça aos pés.
Foi entrando devagar, mas não havia sinal de que alguém estivesse ali.
Meio confuso, começou a chamar:
- Olá! Tem alguém aí?
A casa estava silenciosa e em meio ao silêncio apareceu Otávio; sério, pálido, desfigurado pela dor. Empurrou Fausto para  uma sala e ele  gelou.  Em um canto estava Rosa morta sob uma imensa poça de sangue. Otávio sob um impulso, segurou Fausto e deu-lhe dois tiros deixando-o morto ao lado de sua amada.
Conforme havia previsto a cartomante, eles permaneceriam juntos, lado a lado.




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